NOTÍCIAS DO BRASIL

Ministério recebeu sete alertas sobre sedativos e enviou 5,7% do necessário

Publicados

em

O Ministério da Saúde recebeu sete alertas sobre a escassez de sedativos, anestésicos e bloqueadores musculares necessários para a intubação de pacientes com Covid-19, ainda no auge da primeira onda da pandemia, entre maio e julho de 2020.

Os alertas eram acompanhados de pedidos de ajuda, mas a pasta providenciou nos meses seguintes aos ofícios uma quantidade pequena de medicamentos: entre 3,5% e 5,7% do consumo médio mensal nos estados, de acordo com o mês.

As quantidades fornecidas pelo Ministério da Saúde seguiram caindo, sem a formação de um estoque regulatório e até mesmo com o cancelamento de uma aquisição internacional no mês seguinte aos últimos alertas feitos.

No começo de 2021, uma segunda onda da pandemia explodiu, e hospitais se viram sem os medicamentos do chamado kit intubação.

Pacientes passaram a ser amarrados a camas em UTIs numa frequência maior do que o verificado até então; médicos precisaram recorrer a drogas de terceira linha e mortes foram relatadas.

Em abril, o jornal Folha de S.Paulo obteve fotos e vídeos de pacientes com as mãos amarradas aos leitos no Hospital de Campanha Zona Leste, conhecido como Cero, em Porto Velho. As imagens mostram pacientes intubados e se movimentando lentamente, com os dois braços atados com panos às bordas das camas hospitalares.

À época, o diretor do hospital e a Secretaria de Saúde de Rondônia negaram à reportagem da Folha de S.Paulo que a contenção mecânica mostrada nas imagens se devesse à falta de medicamentos para intubação, que disseram não estar em falta no local.

A situação ainda não foi totalmente normalizada e o temor de uma terceira onda leva à preocupação com a escassez de um conjunto de 22 drogas usadas para a intubação de pacientes em estado grave de saúde, que necessitam de ventilação mecânica.

A Folha de S.Paulo obteve dois conjuntos de documentos que detalham os alertas feitos ao Ministério da Saúde e a reação insuficiente da gestão do general da ativa Eduardo Pazuello, que foi demitido em março deste ano.

O ex-ministro foi convocado a depor na CPI da Covid no Senado na próxima quarta-feira (19), mas, por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), poderá ficar em silêncio. A escassez dos sedativos, e o que se passou nos hospitais, são objeto de investigação pela CPI.

O primeiro conjunto de documentos são sete ofícios enviados à pasta pelo Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), com alertas sobre a evolução da escassez dos medicamentos, pedidos de ajuda e detalhamento do consumo médio mensal e dos estoques nos estados.

Leia Também:  Governo vai liberar saldo do FGTS a quem optou por saque-aniversário

O ministério negou por três vezes à reportagem o fornecimento desses documentos, solicitados via Lei de Acesso à Informação. Após um recurso à CGU (Controladoria-Geral da União), os ofícios e planilhas foram entregues. O Conass também se recusou a fornecer as planilhas.

O segundo conjunto são documentos entregues ao MPF (Ministério Público Federal) em Brasília, em que o Ministério da Saúde admite que se comprometeu a assumir a regulação e centralização do fornecimento do kit intubação, diante da gravidade da crise.

A pasta forneceu aos procuradores da República uma planilha com os detalhes das entregas feitas entre junho de 2020 e janeiro de 2021. Com esses dados, foi possível comparar o consumo e a demanda nos estados e o que efetivamente foi entregue pela gestão de Pazuello.

O general já é investigado pela Polícia Federal por supostos crimes na omissão no fornecimento de oxigênio a hospitais no Amazonas. Em janeiro, o sistema colapsou e pacientes morreram asfixiados. O oxigênio só chegou em quantidades satisfatórias após o colapso.

O mesmo se passou com o kit intubação. Segundo o Ministério da Saúde, 9,3 milhões de unidades foram enviados aos estados em 2021. Mais de 9 milhões foram remetidos de fevereiro em diante. É mais do que o dobro do total enviado como resposta aos alertas recebidos em 2020, entre junho e dezembro.

O primeiro alerta sobre escassez de sedativos é de 4 de maio de 2020. Foi endereçado ao antecessor de Pazuello, Nelson Teich, e tratava apenas da realidade no Amapá. O Conass pediu o envio ao estado de 102 mil itens de 21 drogas diferentes.

“Idêntica situação atinge o conjunto dos estados federados, aos quais já solicitamos levantamento similar, a fim de que possam ser, todos eles, acudidos pelo Ministério da Saúde na presente situação emergencial”, cita o ofício.

O segundo alerta foi enviado dez dias depois. O documento já trazia o resultado de uma consulta às 27 Secretarias Estaduais de Saúde. De 21 que responderam, 19 informaram “falta ou dificuldade de aquisição” de sedativos e afins.

“A falta desses medicamentos pode colocar em risco a vida de pacientes, especialmente os que estão em estado crítico”, afirmou o Conass. Um dia depois, Teich pediu demissão do cargo. Os ofícios seguintes foram direcionados a Pazuello.

Em 29 de maio, o Conass reiterou pedido de apoio, afirmou que a situação se agravara e que havia “desabastecimento total de alguns itens em vários estados”, com risco à vida dos pacientes. Em 10 de junho, um novo ofício pediu apoio para aquisição centralizada e “máxima priorização”.

Duas semanas depois, o Conass concluiu um levantamento completo sobre o consumo médio mensal e o estoque nos estados. A planilha enviada foi usada para ajudar nas aquisições que viriam a ser feitas pelo Ministério da Saúde.

Leia Também:  Arthur Lira é eleito presidente da Câmara em 1º turno

Ainda houve mais dois ofícios ao então ministro, em julho, um pedindo apoio para liberação urgente de cadastros para secretarias de Saúde participarem de pregão e outro com um cronograma de entregas a partir de processo licitatório. O último ofício anotava a “necessidade imediata de abastecimento desses medicamentos”.

Um dos documentos citou acordo feito com o Ministério da Saúde para fornecimento do kit intubação, embora a responsabilidade direta seja de estados e hospitais.

Ao MPF, a pasta afirmou ter assumido compras por meio de requisições administrativas (apropriações de estoques de fabricantes), pregões, pedidos de doações e parcerias internacionais e aquisições via Opas (Organização Pan-Americana de Saúde).

Não havia, porém, “programação definida” para as requisições nem êxito satisfatório dos pregões feitos. Entre junho e janeiro, o ministério conseguiu enviar 4,9 milhões de unidades de medicamentos aos estados, conforme informação repassada ao MPF em fevereiro.

No primeiro mês, foram 248,6 mil medicamentos. Em julho, 1,5 milhão. Em agosto, 2,5 milhões. A quantidade passou a cair, chegando a zerar em novembro. Em janeiro, ficou em 142,6 mil.

O ministério chegou a cancelar uma operação internacional para aquisição de medicamentos do kit intubação, em 12 de agosto, “sem que seus motivos fossem esclarecidos”, segundo documento do CNS (Conselho Nacional de Saúde).

A operação citada é a Uruguai II. Por intermédio do Itamaraty, medicamentos foram adquiridos de laboratórios uruguaios.

Conforme a planilha fornecida ao MPF, houve entregas de itens do kit intubação, por meio da Operação Uruguai, somente em um único dia: 18 de julho. O Rio Grande do Sul ficou com 24,3 mil

ampolas e Santa Catarina, com 11,8 mil.

OUTRO LADO

Procurado, o Ministério da Saúde disse que não houve cancelamento da compra de medicamentos e afirmou que mais insumos serão enviados nas próximas semanas.

“Não houve, em nenhum momento, cancelamento de compra de medicamentos”, afirmou o Ministério da Saúde, em nota. A pasta prevê novos envios de kits intubação nas próximas semanas.

O aumento da demanda mundial comprometeu a oferta, segundo a pasta. “Desde setembro de 2020, o ministério acompanha, semanalmente, a disponibilidade dos medicamentos de intubação em todo o Brasil e envia informações da indústria e distribuidores para que estados possam realizar as aquisições.”

Reuniões são feitas três vezes por semana, conforme o ministério, e envolvem conselhos estaduais e municipais do SUS, a Opas e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

COMENTE ABAIXO:
Propaganda

NOTÍCIAS DO BRASIL

Sicredi entrega tratores a produtores de Parelheiros e impulsiona a agricultura paulistana

Publicados

em

Por

Em um gesto que simboliza o fortalecimento da agricultura familiar e o compromisso com o desenvolvimento regional, o Sicredi entregou, nesta terça-feira (30), dois tratores a produtores rurais de Parelheiros, no extremo sul da capital paulista. A ação, viabilizada por meio da linha de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), concretiza a parceria entre a cooperativa e os agricultores locais.
O evento, realizado na Teia, contou com a presença de lideranças do setor público e do cooperativismo, como Jaime Basso, presidente da Sicredi Vale do Piquiri Abcd PR/SP; o secretário municipal Rodrigo Goulart; o subprefeito Marco Antônio Furchi; Roberta Tena, gerente da ADE Sampa; Luciano Santos, presidente da Associação de Produtores Rurais de Parelheiros e Região (Aprupar); Fernando Colombo, assessor de Relações Institucionais do Sistema Ocesp; além de colaboradores da cooperativa e representantes da comunidade.
Durante a cerimônia, Jaime Basso destacou o papel transformador do cooperativismo. “O Sicredi está aqui como braço financeiro da região, oferecendo acesso facilitado a serviços, tecnologia de ponta e, acima de tudo, atendimento humanizado. Nosso compromisso é entender as necessidades dos associados e oferecer soluções que realmente façam a diferença. Um mundo melhor começa com a valorização do lugar onde vivemos.”
A entrega representa um avanço significativo para os produtores Joaquim Santos e Marcos Teles, que agora contam com equipamentos modernos para ampliar suas atividades. Joaquim, que cultiva plantas ornamentais e orgânicos, também recebe crianças e turistas em visitas educativas. “Sempre sonhamos com isso. Conhecemos o Sicredi, conversamos e tudo deu certo. Estou muito feliz. Imagina a alegria das crianças passeando nesse trator!”, celebra.
Marcos Teles, também produtor de plantas ornamentais e associado há um ano, reforça a agilidade e o apoio da cooperativa. “O processo foi rápido e me ajudou demais. Só tenho a agradecer ao Sicredi pela parceria.”
Além da entrega dos equipamentos, o evento valorizou a economia local. Todos os fornecedores envolvidos na organização foram da própria região, reforçando o compromisso da cooperativa com o desenvolvimento sustentável e a geração de renda no território.
Muito além do crédito
A atuação do Sicredi em Parelheiros vai além do crédito. A cooperativa se consolida como parceira estratégica dos agricultores, oferecendo orientação financeira personalizada, apoio na regularização documental e acompanhamento próximo em todas as etapas. Os associados recebem suporte para acessar programas como o CAF (Cadastro Nacional da Agricultura Familiar) e o DAP (Declaração de Aptidão ao Pronaf), fundamentais para inclusão produtiva e acesso a políticas públicas.
O Sicredi também participa ativamente de feiras, rodadas de negócios e outras iniciativas que promovem a agricultura local e fortalecem os vínculos comunitários. Essa presença constante reforça a vocação agrícola de Parelheiros e contribui para práticas sustentáveis, geração de empregos e valorização da cultura rural.
Com ações como essa, a cooperativa reafirma o seu compromisso com o desenvolvimento econômico e social das regiões onde atua, mostrando que o cooperativismo é, acima de tudo, uma força que transforma realidades.
COMENTE ABAIXO:
Leia Também:  Arthur Lira é eleito presidente da Câmara em 1º turno
Continue lendo

QUARTO CENTENÁRIO

PARANÁ

POLICIAL

ENTRETENIMENTO

MAIS LIDAS DA SEMANA